Acesso Rápido

Conde Castelo Melhor

Versão em Português

D. Luís de Vasconcelos e Sousa, Conde Castelo Melhor (1636 – 1720)

 

Luís de Vasconcelos e Sousa nasceu em 1636, provavelmente na vila de Pombal, de que eram alcaides a família dos Castelo Melhor. Foi Reposteiro-mor da Casa Real, escrivão da puridade, conselheiro de Estado, primeiro-ministro e valido do rei D. Afonso VI, senhor de Valhelhas, Almendra e Mouta Santa, alcaide-mor e comendador de Pombal.

 

 

 

Retrato de D. Luís de Vasconcellos e Souza, Pintura a óleo século XVII (SOUZA, 2001)

Filho de D. João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa, 2º Conde de Castelo Melhor, que se destacou durante o governo de D. João IV (1640-1656) como conselheiro de guerra, governador de armas de Entre Douro e Minho e governador do Estado do Brasil (1649-1654), e de D. Mariana de Lancastre de Vasconcelos, senhora da Casa da Calheta.

 

Em 1657, D. Luís de Vasconcelos e seu irmão Simão acompanharam as campanhas militares na região de Entre Douro e Minho, onde D. João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa exercia o cargo de governador das armas. Com a morte do pai em 1658, herda o título de 3.º Conde de Castelo Melhor, a alcaidaria e a comenda de Pombal.

 

Casou com D. Guiomar de Távora Sousa, filha de D. Bernardim de Távora e Sousa (reposteiro-mor da Casa Real, senhor das ilhas do Fogo e de Santo Antão e comendador de Santa Maria) e de D. Leonor de Mascarenhas, com quem teve três filhos, D. Afonso de Vasconcelos e Sousa Cunha Camara Faro e Veiga (5º conde de Calheta), D. Bernardo de Távora de Vasconcelos e Sousa e D. Mariana de Lancastre.

 

Luís de Vasconcelos e Sousa entra para a corte a convite da rainha D. Luísa de Gusmão, para ser gentil-homem da câmara do seu filho, o infante Afonso. Foi o principal responsável pela ascensão ao trono de D. Afonso VI, intervindo em 1662 no golpe de Estado, ao lado do rei, que pôs fim à regência de D. Luísa de Gusmão. Tal importância materializou-se na sua nomeação como Escrivão da Puridade.

 

O reinado de D. Afonso VI (1656-1683) foi marcado de forma particular pela intriga de corte. O rei, dadas as suas debilidades mentais, era facilmente controlado pelos que lhe eram próximos. Interferindo em todos os grandes cargos ligados à administração do reino, D. Luís de Vasconcelos e Sousa tornou-se numa figura importante que governou o país até à crise de 1667.

 

Na sua intervenção nos negócios do Estado apaziguou as contendas que se manifestavam entre os comandos militares superiores, recuperou a situação financeira, dinamizou as relações diplomáticas, impulsionou o tratamento dos problemas ultramarinos, estabeleceu regras de contenção nas despesas dos serviços e na acumulação de vencimentos na administração e introduziu a confiança do país alicerçada nas vitórias militares alcançadas nos campos de batalha do Alentejo. O Conde de Castelo Melhor conseguia assim sob o seu comando, as tão ansiadas vitórias militares contra Espanha. Foi a Batalha de Montes Claros, travada a 17 de junho de 1665, que viria a pôr fim às guerras pela independência de Portugal.

 

Em 1667, o rei D. Afonso VI não abdicou de livre vontade do trono e foi compelido a fazê-lo na sequência de um golpe palaciano destinado a afastá-lo do poder e a colocar no trono o seu irmão, futuro rei D. Pedro II. Foi um episódio turbulento na história de Portugal e o desfecho de uma crise no seio da corte portuguesa, entre dois partidos opostos que envolviam o 3º Conde de Castelo Melhor e D. Pedro II.

 

Afastado para o exílio, D. Luís de Vasconcelos e Sousa segue de Lisboa, passando por Torres Vedras, pela vila de Pombal até ao Buçaco. Foi para Turim, cidade onde permaneceu quase dez anos. Segue depois para Inglaterra, onde veio a residir em Londres, no Castelo de Windsor, sendo recebido em ambiente de amizade régia pelo rei D. Carlos II e pela rainha D. Catarina de Bragança.

 

 

 

Enquanto fugia da perseguição das tropas de D. Pedro II aos apoiantes de D. Afonso VI, D. Luís de Vasconcelos e Sousa prometeu construir, caso regressasse à pátria com vida, uma igreja em honra de Nossa Senhora, no lugar de Cardais, em Pombal, assim nomeado por ser uma zona onde existiam matagais de cardos. Em 1685, ao regressar de Inglaterra, cumpriu a sua promessa e mandou construir o Mosteiro dos Frades Lóios, designado posteriormente de Convento de Santo António, e um Santuário dedicado a Nossa Senhora do Cardal, obra do arquiteto régio João Antunes (1643-1712), inaugurado em 1709.

 

D. Luís de Vasconcelos e Sousa faleceu aos 84 anos de idade, a 15 de Agosto de 1720, deixando o legado de uma vida sumptuosa.

Não deixe de visitar:

Igreja de Nossa Senhora do Cardal

 

 

Referências Bibliográficas:

EUSÉBIO, Joaquim – Pombal 8 Séculos de História. Ed. rev. e aumentada.Pombal: Câmara Municipal, 2007.

PEDROSA, Nelson – Para a História de Pombal no Século XVIII. Pombal: Rotary Club de Pombal, 2016.

SOUZA, Francisco da Silveira de Vasconcellos e, – O Ministro de D. Afonso VI: Luís de Vasconcellos e Souza 3.º Conde de Castello Melhor. Vila Nova de Foz Côa: Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2001.

English version

Luís de Vasconcelos e Sousa, Count of Castle Melhor (1636 – 1720)

 

Luís de Vasconcelos e Sousa was born in 1636, probably in Pombal, as his family, from Castelo Melhor (a village in the District of Guarda, more precisely near Vila Nova de Foz Côa), administrated the village. He held several relevant positions in the Royal Court, namely serving as private secretary, counsellor of State, prime-minister and favourite of King Afonso VI, lord of Valhelhas, Almendra and Mouta Santa, “alcaide” (similar to governor) and commander of Pombal.

 

 

 

Portrait of Luís de Vasconcellos e Souza, Oil painting of the 17th century (SOUZA, 2001)

He was the son of João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa, 2nd Count of Castelo Melhor, who stood out during the government of King João IV (1640-1656) as a war adviser, governor of arms of the region between Douro and Minho and governor of the State of Brazil (1649-1654), and of Mariana de Lancastre de Vasconcelos, lady of the Calheta House (Madeira).

 

In 1657, Luís de Vasconcelos and his brother Simão followed the military campaigns in the region between Douro and Minho, where their father held the position of governor of arms. With his father’s death in 1658, he inherited the title of 3rd Count of Castelo Melhor and became the “alcaide” (governor) and commander of Pombal.

 

He married Guiomar de Távora Sousa, daughter of Bernardim de Távora e Sousa (a nobleman who served at the Royal House, lord of the islands of Fogo and Santo Antão and commander of Santa Maria) and Leonor de Mascarenhas, with whom he had three children: Afonso de Vasconcelos and Sousa Cunha Camara Faro e Veiga (5th Count of Calheta), Bernardo de Távora de Vasconcelos e Sousa and Mariana de Lancastre.

 

Luís de Vasconcelos e Sousa entered the Royal Court at the invitation of Queen Luísa de Gusmão, to be the chamberlain of her son, Infant Afonso. He was the main responsible for King Afonso VI’s ascension to the throne when he intervened in the coup d’état of 1662, on King’s side, which ended the regency of Luísa de Gusmão. In recognition, he was assigned private secretary.

 

The reign of Afonso VI (1656-1683) was marked in a particular way by the intrigue of the Royal Court. Due to his mental weaknesses, the King was easily controlled by those close to him. Interfering in all the major positions linked to the administration of the kingdom, Luís de Vasconcelos e Sousa became an important figure who ruled the country until the crisis of 1667.

 

In his intervention in the affairs of the State, he appeased the disputes among the superior military commands, he recovered the financial situation, he enhanced diplomatic relations, he encouraged the treatment of overseas problems, he established rules to restrain the services expenses as well as the accumulation of salaries in administration and he boosted the country’s confidence due to the military victories achieved on the battlefields of Alentejo. The Count of Castelo Melhor thus managed, under his command, the long-awaited military victories against Spain. It was the Battle of Montes Claros, fought on 7 June 1665, which would put an end to the wars for the independence of Portugal.

 

In 1667, King Afonso VI did not abdicate the throne of his own free will but was compelled to do so following a palace coup aimed at ousting him from power and putting on the throne his brother, future King Pedro II. It was a disturbing episode of the Portuguese History and the end of a crisis in the Royal Court, between two opposing political groups involving the 3rd Count of Castelo Melhor and Pedro II.

 

As he left Lisbon for exile, Luís de Vasconcelos e Sousa passed through Torres Vedras and Pombal in direction to Buçaco. He went to Turin, where he stayed for almost ten years. He then went to England, where he resided in London, at Windsor Castle, being received in an environment of royal friendship by King Charles II and his wife, Queen Catherine of Bragança.

 

While he was escaping from Pedro II troop’s persecution for his support of Afonso VI, Luís de Vasconcelos e Sousa promised, if he would returned to the homeland alive, to build a church in honour of Our Lady, in Cardais, Pombal, named this way for being an area with lots of thistles (“Cardos”). In 1685, on his return from England, he fulfilled his promise and had the Monastery of the Friars Lóios built, later called Convent of St. António, as well as a Shrine dedicated to Our Lady of Cardal, work of the royal architect João Antunes (1643-1712), inaugurated in 1709.

 

Luís de Vasconcelos e Sousa died at the age of 84, on 15 August 1720, leaving the legacy of a sumptuous life.

To visit:

Church of Our Lady of Cardal

 

 

Bibliographical references:

EUSÉBIO, Joaquim – Pombal 8 Séculos de História. Ed. rev. e aumentada.Pombal: Câmara Municipal, 2007.

PEDROSA, Nelson – Para a História de Pombal no Século XVIII. Pombal: Rotary Club de Pombal, 2016.

SOUZA, Francisco da Silveira de Vasconcellos e, – O Ministro de D. Afonso VI: Luís de Vasconcellos e Souza 3.º Conde de Castello Melhor. Vila Nova de Foz Côa: Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2001.

Version Française

Luís de Vasconcelos e Sousa, Comte de Castelo Melhor (1636 – 1720)

 

Luís de Vasconcelos e Sousa est né en 1636, probablement à Pombal étant donné que sa famille, originaire de Castelo Melhor (un village dans le district de Guarda, plus précisément près de Vila Nova de Foz Côa), gouvernait le bourg de Pombal. Il occupa plusieurs postes importants à la Cour, notamment en tant que secrétaire particulier, conseiller d’État, premier ministre et favori du roi Afonso VI, seigneur de Valhelhas, Almendra et Mouta Santa, « alcaide » (gouverneur) et commandant de Pombal.

 

 

 

Portrait de Luís de Vasconcellos e Souza, Peinture à huile du XVIIe siècle (SOUZA, 2001)

Fils de João Rodrigues de Vasconcelos e Sousa, 2e Comte de Castelo Melhor, qui s’est distingué sous le gouvernement du roi João IV (1640-1656) en tant que conseiller de guerre, gouverneur d’armes de la région Entre Douro et Minho et gouverneur de l’État du Brésil (1649-1654), et de Mariana de Lancastre de Vasconcelos, dame de la Maison de Calheta (Madeira).

 

En 1657, Luís de Vasconcelos et son frère Simão suivirent les campagnes militaires dans la région d’Entre Douro et de Minho, où leur père occupait le poste de gouverneur d’armes. A la mort de son père en 1658, il hérita du titre de 3e comte de Castelo Melhor et devint gouverneur et commandant de Pombal.

 

Il épousa Guiomar de Távora Sousa, fille de Bernardim de Távora e Sousa (gentilhomme de la Cour, seigneur des îles de Fogo e de Santo Antão et commandant de Santa Maria) et de Leonor de Mascarenhas, avec qui il eut trois enfants: Afonso de Vasconcelos et Sousa Cunha Camara Faro e Veiga (5e Comte de Calheta), Bernardo de Távora de Vasconcelos e Sousa et Mariana de Lancastre.

 

Luís de Vasconcelos e Sousa entra dans la Cour sur invitation de la reine Luísa de Gusmão, pour être chambrier de son fils, l’infant Afonso. Il fut le principal responsable de l’accession au trône d’Afonso VI, lorsqu’il intervint dans le coup d’État de 1662, aux côtés du roi, ce qui mit fin à la régence de Luísa de Gusmão. En signe de reconnaissance, il fut nommé secrétaire du roi.

 

Le règne d’Afonso VI (1656-1683) fut marqué d’une manière particulière par l’intrigue de la Cour. Compte tenu de ses faiblesses mentales, le roi était facilement contrôlé par ses proches. Interférant dans toutes les positions majeures liées à l’administration du royaume, Luís de Vasconcelos e Sousa devint une figure importante qui dirigea le pays jusqu’à la crise de 1667.

 

Lors de son intervention dans les affaires d’Etat, il apaisa les différends entre les commandements militaires supérieurs, il récupéra la situation financière, il renforça les relations diplomatiques, il incita la résolution des problèmes d’outre-mer, il établit des règles de restriction au niveau des dépenses de services et de l’accumulation des salaires dans l’administration et renforça la confiance du pays grâce aux victoires militaires obtenues sur les champs de bataille de l’Alentejo. Le comte de Castelo Melhor réussit ainsi, sous son commandement, les victoires militaires longtemps attendues contre l’Espagne. C’est la bataille de Montes Claros, qui eut lieu le 17 juin 1665, qui mit fin aux guerres de l’indépendance du Portugal.

 

En 1667, le roi Afonso VI n’abdiqua pas du trône de son propre chef mais fut contraint de le faire à la suite d’un coup d’État au palais visant à l’évincer du pouvoir et à mettre sur le trône son frère, le futur roi Pedro II. Ce fut un épisode tumultueux de l’histoire du Portugal et le dénouement d’une crise au sein de la Cour portugaise, entre deux groupes politiques impliquant le 3e comte de Castelo Melhor et Pedro II.

 

Prenant le chemin de l’exil, Luís de Vasconcelos e Sousa quitta Lisbonne en passant par Torres Vedras et Pombal en direction à Buçaco. Il partit à Turin, où il resta près de dix ans. Il se rendit ensuite en Angleterre, où il résida à Londres, au château de Windsor, où il fut reçut dans un environnement d’amitié royale par le roi Charles II et son épouse, la reine Catherine de Bragança.

 

Alors qu’il fuyait les troupes de Pedro II à la poursuite des partisans d’Afonso VI, Luís de Vasconcelos e Sousa promit, s’il parvenait à revenir sain et sauf à sa patrie, de construire une église en l’honneur de Notre-Dame, à l’endroit de Cardais, à Pombal, ainsi nommé en raison de ses nombreux chardons (« Cardos »). En 1685, à son retour d’Angleterre, il accomplit sa promesse et fit construire le monastère des Frères Lóios, plus tard appelé couvent de Santo António, ainsi qu’un sanctuaire dédié à Notre-Dame de Cardal, œuvre de l’architecte royal João Antunes (1643-1712), inauguré en 1709.

 

Luís de Vasconcelos e Sousa mourut à l’âge de 84 ans, le 15 août 1720, laissant en héritage une vie somptueuse.

Á visiter:

Eglise de Notre-Dame du Cardal

 

 

Sources bibliographiques:

EUSÉBIO, Joaquim – Pombal 8 Séculos de História. Ed. rev. e aumentada.Pombal: Câmara Municipal, 2007.

PEDROSA, Nelson – Para a História de Pombal no Século XVIII. Pombal: Rotary Club de Pombal, 2016.

SOUZA, Francisco da Silveira de Vasconcellos e, – O Ministro de D. Afonso VI: Luís de Vasconcellos e Souza 3.º Conde de Castello Melhor. Vila Nova de Foz Côa: Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 2001.